sábado, 28 de fevereiro de 2009

E recebemos (eu e o meu gato) as lembranças com que ela nos presenteou. Para o Querido Gato uma bonita embalagem de biscoitos com um opulento laço azul e, para mim, a ópera Gianni Schicchi.
Não resisti em levantar-me, contornar a mesa, e encostar os meus lábios aos dela.
A água do café, já a ferver, subia para o balão de vidro...
— Vamos ao cafézinho — foram as suas primeiras palavras depois do silêncio que emoldurou uma ternura mútua.
Ambos sabíamos que se nos revelavam apaixonados sentimentos.
lp
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Foto de Christopher Crawford
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Fotografia

— Senhores, que maravilha de assado — disse a certa altura a minha querida visita.
Olhei-a procurando-a por entre os cravos. E foi ela exactamente que afastou a jarra um pouco mais para o lado para que nada nos separasse; e, assim, na cálida claridade da vela que se reflectia no espelho claro e belo dos seus olhos, balbuciei palavras sem nexo e peguei no copo para outro brinde, este só para ela; eu nada mais queria depois daquele momento tão mágico. Julgo ouvi-la dizer:
— Desculpe lp! À saúde e felicidade de ambos.
— Aceito o brinde Simone, se me olhar de novo assim, como o fez agora.
O Querido Gato, enroscado na sua almofadinha de cerimónia, espreitava de soslaio.
lp
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

— Acolhedora, lp. Bem bonita. Falta-lhe apenas um toque feminino! Arranje-me uma jarra para os cravos.
Aquele à-vontade, como visita de casa sem cerimónia, deixou-me embevecido. Era exactamente assim que eu sonhava como se pode e deve construir uma harmonia.
— A senhora manda — e desandei pelo corredor.
Naquele momento entrou na sala o Querido Gato, vaidoso pela beleza que ostentava depois do SPA da tarde.
— Cá está ele! — disse Simone.
E desde logo se baixou para uma festa. Ele que não amuasse, hem!; também lhe tinha trazido um presentinho.
Tapava a mesa de jantar uma toalha dum tecido de chiffon vermelho transparente sobre sombra branca, dando-lhe assim um tom rosa; pratos da série "cavalinhos" da antiga Fábrica de Sacavém. Copos vermelhos. Talheres. Guardanapos brancos. Um candelabro de casquinha com a velha vela vermelha ainda apagada.
lp
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

— É capaz de me explicar como se entra nesta casa? — foram as suas primeiras palavras.
Simone bem tinha batido com a mãozinha de ferro, batente enferrujado que este prédio ainda conserva na porta da rua. Expliquei-lhe: uma repenicada chama a atenção da vizinha de baixo; uma batidela para o meu andar, uma batidela/repenicada para o lado direito, duas batidelas para o 2º esquerdo e, por fim, duas batidelas/repenicada para o 2º direito.
— Mas o que posso entender por "repenicada"?…
— Lembre-se das pancadas de Molière. É semelhante. Trata-se duma convenção em prédios antigos — expliquei — Quem lhe abriu a porta, Simone?
— Uma senhora com um garoto que se lhe agarrava às saias. O miúdo quis saber quem eu procurava…
Nélinho, deduzi de imediato. Estafermo do puto. Está sempre de olho alerta.
lp
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Com a ineficácia dum artista principiante na criação de arte, concluí, desde o "sim" de Simone, que a cor preta também tem luz; vejo-a e sinto-a quando olho para a negrura do pelo do meu gato.
Passavam 10 minutos das 20 horas quando Ela me bateu à porta.
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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Com a casa não me tinha que preocupar; a mulher-a-dias vem por aqui todas as sextas-feiras e dá uma volta com o ruidoso aspirador, limpa o pó e ainda lava os vidros quando lhe sobra tempo.
As minhas principais tarefas estavam planeadas; tratar do Querido Gato (corte de unhas, higiene dentária, lavagem, secagem, penteadela), retirar de imediato do congelador um lombinho de porco (uma especialidade que me sai sempre muito bem), compor a mesa com a velha vela encarnada ainda por estrear, e aguardar pelas oito da noite.
Na singeleza que norteia o meu comportamento, não deveria haver lugar para o imprevisto. Mas o imprevisto acontece-me sempre, porque sempre por ele espero. Questão de hábito.
lp
sábado, 21 de fevereiro de 2009

— O seu Querido Gato não está doente, pois não?
Deixou-me entre a espada e a parede. Era uma pergunta subtil que necessitava duma resposta semelhante. Avancei.
— Não a convido como enfermeira. Convido-a como amiga.
Mais um silêncio que me pareceu uma eternidade.
— Às 8?
— Sim, 8! Se quiser vir mais cedo, venha. É consigo, Simone.
— Até logo, então — e desligou.
Uma enorme felicidade rodeou-me. Agarrei no gato, abracei-o como quem abraça um amigo de longa data, dei-lhe biscoitos. Foi ele, aquele jovem animal perdido ou achado no bairro, que me abriu as portas a outra forma de vida; abandonar esta de estar só e ouvir um outro coração, uma voz de mulher bonita, inteligente, morena, de cabelo negro, penteado revolto, atraente, tantos entes que não tenho espaço para os encaixar aqui.
Calma lp. São 3 da tarde.
Vamos planear o encontro.
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Tertúlia poética “Quartas Mal Ditas” no Clube Literário do Porto

A sessão contará com a participação de António Pinheiro, Diana Devezas, Isabel Marcolino, Joana Padrão, Luís Carvalho, Mário Vale Lima, Marta Tormenta e Rafael Tormenta
O tema desta tertúlia será: "Gatos, Gatos, Gatos"
Coordenação de Anthero Monteiro.
Convidada: Rosa Brandão.

O meu gato eriçou o pelo e os miúdos gargalharam.
Subi a calçada e entrei em casa não sem antes ter ouvido a costumada sequência; fim-de-semana, Nélinho na avó, maroteiras, sopapos, choros.
Bem sei que estamos no Carnaval mas o puto já tinha idade para ter juízo.
Voltando à imagem na toalha de papel: gostava de aprofundar porque me lembrei de Simone uma vez que a tal Samotrácia não tem cabeça e a minha amiga não tem asas.
Quero fazer-lhe uma proposta para jantar, mas aqui, onde moro. Depois do esplendor no Conventual, posso dar-lhe a conhecer a intimidade desta casa que em nada me envergonha.
Liguei-lhe:
— O que se passa lp?
— Tenho um convite extensivo a duas pessoas. Espero-a às 8 da noite para jantar, aqui em casa.
— E a outra pessoa, quem é? — perguntou.
— Eu!
Fez-se um eterno silêncio entre os dois.
Olhei para a perfeitíssima perspectiva do Aqueduto das Águas Livres…
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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Viam uma partida de hóquei no plasma do Braz.
Mas o meu Querido Gato, não esperando tal impulso, apanhou um susto tremendo e deu um pulo como se quisesse ir ao encontro dum asteróide. A trela, presa à cadeira, suspendeu a sua entrada em órbita, e o bicho acabou por cair desamparado mesmo aos pés do novo empregado (semana sim, semana não, o Braz renova o pessoal) no momento em que me servia a bica. Claro está que o café se entornou mas, olhando para a toalha, foi-me dado observar que a cor azul escura do carrascão e o castanho negro do café, desenhavam no papel branco um bonito corpo de mulher com azas, qual Vitória de Samotrácia e, nesse instante mágico, lembrei-me de Simone.
Agarrei no Querido Gato e saí.
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O gato que joga xadrez

Chama-se iCat e nasceu no Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Investigação e Desenvolvimento do IST de Lisboa. Criado com a ajuda de parceiros da Alemanha, Polónia, Reino Unido e Hungria, este robô felino é perito em xadrez.
De cor amarela e com expressões faciais, o gato electrónico consegue adaptar-se a diferentes níveis de competição do adversário e antecipar as próximas jogadas. Como se não bastasse, o iCat sorri quando o jogo lhe é favorável, mudando de emoção conforme a situação da partida.
Mas os investigadores ainda não estão totalmente satisfeitos e pretendem desenvolver a memória do bichano robótico, de modo a que seja capaz de recordar as pessoas com quem jogou e adaptar essas memórias ao nível do adversário.
Nos próximos três anos e meio (tempo que falta para o desenvolvimento do projecto) os cientistas planeiam levar o iCat até aos computadores portáteis. A chegada ao mercado deste companheiro de xadrez não tem ainda uma data marcada.
Exposição no Clube Literário do Porto

O trabalhos de Antónia Gomes distinguem-se por um imaginário em que o social aparece como uma forma oculta de realidades que tem muito a ver com as problemáticas humanas do nosso tempo, justificando-se uma maior difusão da sua obra, pois cultiva valores de modernidade que não passam despercebidos ao observador mais atento. As suas aguarelas, além de denunciadoras, reflectem uma linguagem solta e um sentido de libertação que singulariza a obra da artista no seu tempo. Trata-se, no conjunto, de personagens humanas envolvidas de mistério e de sofrimento, mas ao mesmo tempo ansiosas de uma intensa liberdade que afaste para sempre os mais ocultos constrangimentos.
Surge, assim, na sua obra uma fuga para a frente, em que a artista e revela desejosa de atravessar o portal da esperança. Antónia Gomes, tem uma maneira muito peremptória de trabalhar a sua aguarela em que resultam planos e segmentos, reforçados de gestualismos espontâneos e certeiros, que conferem uma expressão pictórica livre e uma solidez quase abstracta as suas personagens.
A exposição de pintura de Antónia Gomes poderá ser visitada na Galeria do CLP até ao final do mês de Fevereiro.
O Clube Literário do Porto fica na Rua Nova da Alfândega, n.º 22, no Porto
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Entrei no restaurante como se nada fosse, ocupei a minha mesa e pedi uma toalha de papel para sentar o gato na cadeira vaga. A clientela do costume não deixou de me cumprimentar e sorrir, pois não é chique levar-se um gato de trela a um restaurante popular de Campolide, como refinado cão de fila, sentá-lo à mesa, pedir um prato, abrir a latinha Gourmet Gold de "Frango do Campo" e servir o bicho. Mas todas as gracinhas que ouvi tinham uma chancela de carinho e admiração.
O "arroz de pato" estava como sempre; muito tostado por cima e quase cru por baixo. Depois da experiência no Conventual fiquei um cliente exigente; fui peremptório com o Braz; eu tinha o direito de exigir uma toalha de papel limpa e não a que o comensal anterior tinha deixado com brutas nódoas de vinho tinto. Além disso o arroz não tinha pato…
lp
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
O Gato Preto
O Gato Preto
Brasil, 2008 (07' 53'')
Adaptação do conto de Edgar Alan Poe, O Gato Preto, numa animação realizada por uma turma da Escola Animada de Contagem de Minas Gerais.
O projecto foi realizado com técnica de animação de recorte e o conceito remete aos filmes mudos do início do século XX (sobretudo os filmes expressionistas alemães), com um trilha áudio base e quadros com texto.
Contou com a participação de Léa Cardenas, Rodrigo Liberato, Janine Brioude e Felipe Augusto.
Apoio e edição de áudio de Leonardo Arantes.
Direcção e edição de Cristiane Fariah.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Gatos na Banda Desenhada portuguesa (III)
Autores: Hugo Teixeira (desenho), Vidazinha (argumento)




O Gato, banda desenhada a cores, da autoria de Hugo Teixeira (desenho) e Vidazinha (argumento), publicada no fanzine Tertúlia BDzine em Junho 2008
Este pequeno episódio (três pranchas) apresenta-se com um fundo dramático invulgar, graças à capacidade ficcional da argumentista, talvez influenciada pela especialidade em que exerce actividade profissional, a medicina veterinária. Quanto ao desenhador, Hugo Teixeira, é já bem conhecido na área estilística da mangá, e também enquanto autor completo (argumento e desenho) no que se refere a ficções futuristas.
Mittens

Bolt é o herói canino de serviço na mais recente animação vinda da Disney/Pixar. Mas que seria de um cão sem a indispensável companhia felina? Desta vez, a difícil tarefa cabe a Mittens, uma gata vadia de Nova Iorque que se vê obrigada a seguir o protagonista na sua aventura por toda a América.
Impertinente e sensata, mas com muito sarcasmo e sentido de humor, Mittens é também pessimista, o que acaba sempre por chocar com a maneira de ser carinhosa de Bolt. Como se não bastasse, esta vilã astuta e solitária descrê na amizade e não confia nem sequer em si própria. Mas claro que a convivência com o herói vai fazê-la passar a ver as coisas de uma forma mais risonha.
sábado, 14 de fevereiro de 2009
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