sexta-feira, 29 de junho de 2007

British Shorthair - Um gato popular















British Shorthair
País de origem: Grã-Bretanha

No final do século XIX, o Cheshire Cat de "Alice no País das Maravilhas" de L. Carrol (1865), foi representado com o aspecto de um British Shorthair tabby.
Na mesma época, criadores de gatos seleccionaram os melhores exemplares desta raça para serem expostos no Crystal Palace de Londres em 1871. Foi aí que receberam a sua designação de British Shorthair.
Após a segunda guerra mundial, foram realizados cruzamentos com gatos persas para tornar esta raça mais pesada e de silhueta mais arredondada. Hoje é dos gatos mais populares de sempre.
O British Shorthair tem um tamanho que varia entre o médio e o grande, com um peso de 4-8 Kg. Tem uma cabeça redonda, larga e maciça com bochechas cheias e de nariz curto. Tem umas orelhas bastante espaçadas e arredondadas nas pontas. O seu pêlo é curto, firme e suave, e tem sub-pêlo abundante.
Este gato é dos mais procurados especialmente na variedade British Blue (como os da imagem).
É noite: sobre os telhados de novo
Se perde o rosto redondo da Lua.
Ele, o mais ciumento de todos os gatos,
Olha enciumado para todos os amantes,
O pálido e gordo «Homem da Lua».
Arrasta o seu cio furtivo pelos cantos mais escuros,
Espreguiça-se encosta-se a janelas entreabertas,
Como um frade lascivo e anafado anda
De noite, atrevido, por caminhos proibidos.

Friedrich Nietzsche
Tradução de João Barrento

O gato e a DS



Estas imagens encontradas num blog japonês mostram um Scottish Fold de pêlo curto tricolor muito entretido com a DS, a consola portátil da Nintendo. Claro que se trata de uma paródia de um fã da máquina e de gatos, mas o certo é que estamos perante uma raça conhecida pela sua calma, sociabilidade, meiguice e queda para a brincadeira.

Poemas com Animais

Breve antologia organizada, seleccionada e declamada por José Fanha.
Ilustrações e design de Pedro Pires.
Coordenação de Maria da Luz Santos.
Edições Gailivro, 2004


Uma visita a alguns dos nossos maiores poetas e da forma como eles falam dos animais. A poesia escrita e dita, proposta a todos e especialmente aos jovens, numa viagem através do que há de melhor na música da nossa língua. Pela voz de José Fanha, grande poeta e declamador, cria-se a chave para o encontro dos leitores com a música da língua em cada poema.
Este livro vem, portanto, acompanhado de um CD onde José Fanha declamada os poemas inclusos no livro.
Um livro que se recomenda em qualquer quarto de criança.


Gato

Que fazes por aqui, ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meios agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pêlo, frio no olhar!

De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?

Alexandre O'Neill

quinta-feira, 28 de junho de 2007


















© Theophile Alexandre Steinlen – Dois gatos (1894)

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Hello Kitty







Criada em 1974 pela empresa japonesa Sanrio, Hello Kitty tornou-se num dos gatos mais famosos da animação e, sobretudo, num fenómeno muito lucrativo de merchandise, que abrange desde jogos de vídeo a máquinas fotográficas, passando por artigos escolares e os tradicionais peluches.

A loucura em torno da gatinha branca só começou, porém, em meados dos anos 80.

Para trás ficam as suas raízes algo atribuladas. Originalmente, a mascote esteve para se chamar Kitty White, em homenagem a um dos gatos de Alice do Outro Lado do Espelho, de Lewis Carroll, mas o nome nunca chegou a ser adoptado. Diz-se que Hello Kitty proveio depois de uma tradução errada de manekineko, o gato nipónico das boas vindas.

Apesar da sua origem asiática, a personagem tem dados bem diferentes no BI. A saber, Hello Kitty é uma gata dos subúrbios de Londres, que vive num mundo ideal, rodeada da família e de muitos amigos. Desde 1999 que as séries de animação incluem o seu namorado Dear Daniel e até um gato e um hamster de estimação se lhe juntaram já em 2004.

Hello Kitty foi, porventura, inspirada em Musti, um pequeno gato branco criado pelo artista gráfico Ray Goossens em 1945, com uma história e visual muito semelhantes. Tal como Musti, a menina destaca-se pela ausência de boca, que aparece apenas em algumas das muitas séries de animação. Os criadores garantem que Hello Kitty tem boca, mas que apenas não é desenhada para levar os espectadores a interpretarem as emoções da personagem.

Desde 1983 que a gatinha é a embaixadora das crianças norte-americanas na UNICEF, sendo promovida por fãs bem mediáticos, entre os quais Mariah Carey, Ricky Martin, Christina Aguilera e Steven Tyler.

Garfield



Jim Davis criava em Junho de 1978, para o Herald Tribune, o irresistível Garfield, um grande gato cor-de-laranja tigrado, comilão, irascível, mentiroso, preguiçoso e autoritário que tiranizava o seu dono, John Arbuckle e Odie, um cão muito estúpido que vivia com eles. No entanto, não podiam passar uns sem os outros e compreendiam-se perfeitamente.
Para o nome de Garfield, Jim Davis inspirou-se no nome do seu avô, James Garfield Davis.

No início, Garfield tinha umas enormes bochechas e uns olhos pequenos. Em 1980 Jim Davis redesenhou Garfield, com olhos ovais e menos barriga.
Garfield estreou-se na televisão, num programa chamado “Aí Vem Garfield" em 1982. Entre 1988 e 1995 a popularidade cimentou-se com a série animada “Garfield e Seus Amigos”.
No cinema, Garfield estreou-se em 2004 com “Garfield, O Filme” (Garfield - The Movie), com Bill Murray na voz do gato. Em 2006, “Garfield 2” (Garfield - A Tale Of Two Kitties), também com Bill Murray na voz do gato.

Para saber mais sobre este popular felino, visite o site oficial em:
http://www.garfield.com/

terça-feira, 26 de junho de 2007













© Gato devorando um pássaro – Picasso (1939)
XXXIV
O Gato


Lindo gato, vem cá, vem ao meu colo;
.......Encolhe as unhas dessa pata,
E deixa que eu mergulhe nos teus olhos,
.......Um misto de metal e ágata.

Quando os meus dedos, à vontade, afagam
.......O dorso elástico, a cabeça,
E a mão se me inebria de prazer
.......No corpo eléctrico, a apalpá-lo,

Vejo a minha mulher. O seu olhar,
.......Tal como o teu, querido animal,
Frio e profundo, fende-nos qual dardo,

.......E da cabeça até aos pés
Um ar subtil, um perfume perigoso
.......Nadam em torno do seu corpo.

Charles Baudelaire
Tradução de Fernando Pinto do Amaral

Catwoman









Catwoman,
alter ego de Selina Kyle, é uma personagem de Banda Desenhada, criada em 1940 por Bill Finger e Bob Kane. Apareceu pela primeira vez no número 1 de Batman.
Selina Kyle, criminosa profissional fugida de um orfanato, tem a sua base de operações em Gotham City.
Apesar de inimiga de Batman, acabou tendo um romance com ele, e, em ocasiões especiais ajudou-o a defender Gotham City.
Em séries televisivas, foi interpretada por várias actrizes como Julie Newmar, Lee Meriwether e Eartha Kitt, no filme Batman Returns por Michelle Pfeiffer. Nas série animada Batman: The Animated Series a voz de Catwoman era de Adrienne Barbeau, e em The Batman de Gina Gershon.
No filme Catwoman a nova mulher-gato (Patience Phillips) foi interpretada por Halle Berry.
Mais de sessenta anos depois de ter sido criada, Catwoman continua a ser uma das mais populares vilãs de Banda Desenhada.

Flanelle
















A gata de Julio Cortázar.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Krazy Cat
















No início do século passado, em 1910, o New York Journal publicava a tira “The Dingbat Family” (mais tarde “The Family Upstairs”), de George Herriman, onde duas personagens secundárias acabavam por ocupar o primeiro plano. Tratava-se de uma gata (Krazy Kat) que falava como uma mulher dengosa e tinha um laço na cabeça, apaixonada por um rato (Ignatz), cuja principal diversão era dar-lhe tijoladas na cabeça, sob o olhar do cão-polícia Ofissa Pup, este, loucamente apaixonado por Krazy Cat (também conhecida por “Gata Chalupa”).







A dupla tornou-se um sucesso e, em 1943, as aventuras de Krazy Kat passaram a ser publicadas em tiras diárias. As peripécias apareceram em livros, desenhos animados e até num ballet adaptado por Jonh Alden Carpenter. As aventuras de Krazy Cat e Ignatz só terminaram com a morte de George Herriman, em 1944, mas ainda hoje estas personagens são consideradas de culto.

Pin's com gatos





Pin's da autoria da artista plástica Teresa Roriz. São trabalhos realizados a partir de desenhos originais em aguarela, da autora.




Os Dóceis Animais

Eugénio de Andrade
Edições ASA

"Os Dóceis Animais" reúne os poemas que Eugénio de Andrade escreveu sobre gatos. Fizeram-se duas edições: uma, com doze desenhos e um retrato do autor por Cristina Valadas, em papel Arches de 250 gramas, constituída por duzentos e cinquenta exemplares numerados de 1 a 250, e cem exemplares, fora do mercado, numerados de I a C, assinados por Cristina Valadas e apresentados numa caixa em cartão forrado a Pop Set de 80 gramas; e outra, na Colecção Pequeno Formato, com um retrato do autor por Cristina Valadas.
















© S/t – Andy Warhol

domingo, 24 de junho de 2007

Beppo

O gato branco e solitário vê-se
nessa lúcida lua de algum espelho
e não pode saber que tal brancura
e esses nunca vistos olhos de ouro
são, afinal, a sua própria imagem.
Quem lhe dirá que o outro que o observa
é apenas um sonho desse espelho?
Eu penso que esses gatos harmoniosos,
o do mais quente sangue e o de vidro,
são simulacros que concede ao tempo
um arquétipo eterno. Assim afirma,
sombra também, Plotino nas Enéadas.
De que Adão anterior ao paraíso
e de que divindade indecifrável
somos nós, homens, um quebrado espelho?

Jorge Luis Borges
Tradução de Fernando Pinto do Amaral

Beppo
















O gato de Jorge Luis Borges.

Fialho de Almeida nos 150 anos do seu nascimento




José Valentim Fialho de Almeida nasceu há 150 anos em Vila de Frades (concelho da Vidigueira; distrito de Beja), no Alentejo. Filho de um professor primário, devido às dificuldades económicas da família, empregou-se ainda adolescente como ajudante de farmácia. Conseguiu completar o curso de Medicina na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa em 1875.

A obra literária de Fialho de Almeida é muito variada, mas neste blogue damos destaque a “Os Gatos — publicação mensal d'inquérito à vida portuguesa, uma colectânea de textos publicados mensalmente em jornais, entre 1889 e 1894.
Neste textos de crítica social, sobressai o carácter mordaz da sua ironia e a sua visão pessimista do país, bem característica da literatura do fim do século XIX. A sua crítica atingia sobretudo a pequena burguesia e a alta burguesia financeira dirigente. Mas, mais do que instituições, a sua crítica visava personalidades.
A sua criação literária lê-se ainda hoje com o mesmo interesse e entusiasmo por ter sabido ser, na coragem como criticou a sociedade do seu tempo, um prosador de excelente qualidade, apesar de ser um escritor “esquecido” e não ser fácil encontrar as suas obras no mercado.

Fialho de Almeida é o autor das obras de ficção Contos (1881), A cidade do Vício (1882) e O País das Uvas (1893). Escreveu ainda crónicas, artigos políticos, cartas, memórias e livros de viagem entre os quais: Os Gatos (1889-1894), Pasquinadas (1890), Lisboa Galante (1890), Vida Irónica (1892), À Esquina (1903), Barbear, Pentear (1911), Saibam Quantos... (1912), Estâncias de Arte e de Saudade (1921), Aves Migradoras (1921), Figuras de Destaque (1924), Açores e Autores (1925), Vida Errante (1925) e Cadernos de Viagem – Galiza, 1905 (1997).

gato de alfama

© gato de alfama – bolas de sabão 07

Portefolio, aqui.

Burmila - Um gato raro


























Burmila


País de origem: Grã-Bretanha
Outra designação: Burmês Silver

O Burmila nasce do cruzamento entre um Burmês lilás e um Persa chinchila. O objectivo era criar um silver tipo burmês. O nome provém de Burmês e chinchila e em 1984 foi criado o Burmila Cat Club em Inglaterra. Este gato é raríssimo, pois a sua selecção é muito delicada.
O Burmila tem um tamanho médio, e o seu peso (4 - 7 Kg) é surpreendente para o seu tamanho. Tem um pêlo curto e uma cauda longa. Os seus olhos são grandes, afastados e têm sempre um outline preto. Este gato tem a energia do Burmês e a sensatez do persa. É um gato bastante "tagarela", logo, de convivência agradável. Se vir um destes em casa de um amigo, então são ambos sortudos.




sexta-feira, 22 de junho de 2007

Duetto buffo di due gatti

Duetto buffo di due gatti é uma popular peça para dois sopranos, atribuída a Gioachino Rossini.
Existem várias interpretações notáveis desta peça, que podem ser encontradas, por exemplo, nos seguintes álbuns:
• "A Tribute to Gerald Moore", EMI Classics: Victoria de los Angeles (soprano), Elisabeth Schwarzkopf (soprano), Gerald Moore (piano), também conhecido por "Le Duo des Chats"; 2003.
• “Le Duo des Chats et autres airs, duos et trios”, EMI Classics: Victoria de los Angeles (soprano), Elisabeth Schwarzkopf (soprano), Dietrich Fischer-Dieskau (barítono), Gerald Moore (piano). Gravação ao vivo no Royal Festival Hall (Londres); 1967.
• "Sweet Power of Song", EMI Classics: Felicity Lott (soprano), Ann Murray (mezzo-soprano), Graham Johnson (piano); 1990.
• "Duets for Two Sopranos", BIS: Elisabeth Söderström (soprano), Kerstin Meyer (mezzo-soprano), Jan Eyron (piano); 1992.
• "Wir Schwestern Zwei, Wie Schönen, Nightingale": Edita Gruberova (soprano), Vesselina Kasarova (mezzo soprano), Friedrich Haider (piano).
• "Von Ganzem Herzen, Catalyst: Montserrat Caballé", Montserrat Martí; 1998.

Existem ainda várias gravações em vídeo amador disponíveis no YouTube e outros sites de vídeos.















Duetto buffo di due gatti:






Victoria de los Angeles (soprano), Elisabeth Schwarzkopf (soprano), Gerald Moore (piano).
Gravação ao vivo no Royal Festival Hall (Londres); 1967

quinta-feira, 21 de junho de 2007






História de Uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar

Luis Sepúlveda
Edições Asa
2001

Esta é a história do gato Zorbas. Um dia, uma formosa gaivota apanhada por uma maré negra de petróleo deixa ao cuidado dele, momentos antes de morrer, o ovo que acabara de pôr. Zorbas, que é um gato de palavra, cumprirá as duas promessas que faz nesse momento dramático: não só criará a pequena gaivota, como também a ensinará a voar. Tudo isto com a ajuda dos seus amigos Secretário, Sabetudo, Barlavento e Colonello, dado que, como se verá, a tarefa não é fácil, sobretudo para um bando de gatos mais habituados a fazer frente à vida dura de um porto como o de Hamburgo do que a fazer de pais de uma cria de gaivota...
O grande escritor chileno oferece-nos neste seu livro uma mensagem de esperança de altíssimo valor literário e poético.

"Nunca se voa à primeira tentativa, mas vais conseguir. Prometo-te."

terça-feira, 19 de junho de 2007

Gatos na banda desenhada portuguesa (I)

Gato Hórus - Autor: José Abrantes















Prancha do Gato Hórus, da autoria de José Abrantes

Por ter sido homenageado no Salão Internacional de Banda Desenhada - Moura BD 2007, José Abrantes teve direito a um número do fanzine Cadernos Moura BD. Por esse motivo podem ser vistas várias das suas personagens de banda desenhada, entre as quais o gato Hórus, reproduzido neste "post".
Mas quem quiser ver mais uma prancha do dito autor pode clicar no endereço abaixo:
http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com/





Claro que estou a imaginar alguns pares meus, isto é, gente que se move na área da BD, a comentar: "Mas na BD portuguesa praticamente não há gatos (exceptuando este Hórus), como personagens "pivot"!. Estamos de acordo, mas sempre há episódios com o simpático felino, é com esses que conto para desenvolver esta rubrica.

Artigo da autoria de Geraldes Lino, especialista em Banda Desenhada, autor dos blogues "Divulgando Banda Desenhada" e "Fanzines de Banda Desenhada" e Fundador e organizador da Tertúlia de Banda Desenhada de Lisboa que comemorou no passado dia 5 de Junho o seu 22º aniversário.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

O Gato de Cheshire

Oriundo da província inglesa de Cheshire, Lewis Carroll incluiu na sua Alice no País das Maravilhas um felino a quem deu precisamente o nome de Gato de Cheshire. Capaz de aparecer e desaparecer quando lhe apetece, o felino enceta diálogo com Alice, conseguindo tanto aborrecê-la com as suas tiradas filosóficas como diverti-la, sobretudo quando é condenado à morte e desaparece, colocando em causa a decapitação de uma criatura sem cabeça.

Mas a imagem de marca da curiosa personagem de Carroll é mesmo o sorriso de orelha a orelha, que mantém em alguns dos seus desaparecimentos totais.

A origem do Gato de Cheshire não é consensual. Teorias defendem que o escritor se inspirou numa gravação presente numa igreja de Croft-on-Trees, no Nordeste de Inglaterra, onde o pai havia sido vigário. Outras dizem que se trata da reprodução de uma gárgula encontrada na Igreja de St. Nicolas em Cranleigh, localidade que Carroll visitava frequentemente quando vivia em Guilford. E há ainda quem atribua a origem da personagem a outra gravação numa igreja de Cheshire, terra-natal do autor.

E a lenda do Gato não se fica por aqui. Diz-se também que a frase sorrindo como um gato do Cheshire popularizada em Alice tem origem no facto de a província ser conhecida pelo seu queijo em formato de gato sorridente, que era cortado a partir da cauda, sendo a última parte comida a da cabeça. Uma explicação mais simples, e também ela relacionado com o Cheshire, aponta para o facto de os produtos lácteos da região fazerem os gatos felizes e logo eles expressarem essa felicidade com um enorme sorriso.

O felino ficou famoso ao ponto de ter tido, até final dos anos 70, um monumento junto ao porto de Chester. Consta que os gatos ali se sentavam, nas docas, à espera que os ratos abandonassem os navios que transportavam os produtos lácteos para Londres, o que levanta mais uma hipótese para o nascimento do popular felino.




"Amados Gatos" é um conjunto de textos que tem como ponto de partida os gatos de figuras famosas da literatura, das artes e da política, de Richelieu a Lenine, de Hemingway a Anne Frank, passando por Churchill, Marilyn Monroe, Paul Klee ou Zola, entre outros. Construídos com base em factos e figuras reais, estes contos reinventam a vida de gatos famosos e dos seus ilustres donos, assumindo-se como uma homenagem a estes felinos que o Homem nunca conseguiu domesticar. José Jorge Letria convive diariamente com os seus nove gatos que partilham com ele o espaço e o imaginário da escrita. "Amados Gatos" é o testemunho de uma paixão e de um pacto de cumplicidade e afecto que o tempo se encarregou de fortalecer.

"Amados Gatos"
José Jorge Letria
Editora: Oficina do Livro

domingo, 17 de junho de 2007

Le Chat Noir



Inspirado por Edgar Allan Poe, Baudelaire e pelas lendas francesas, Rodolphe Salis inaugura em 1881 um cabaret a que dá o nome de Chat Noir (em português, Gato Preto).

Ponto de encontro de artistas, poetas, músicos e escritores no Boulevard Rouchechouart, o Chat Noir torna-se, em pouco tempo, no local mais emblemático da boémia Montmartre do final do século XIX.

A aventura de Salis termina em 1897, mas para sempre fica Tournée du Chat Noir, poster publicitário criado por Théophile-Alexandre Steinlen um ano antes do fecho do cabaret.

A obra deste artista que conviveu de perto com Toulouse-Lautrec e teve os gatos entre os seus modelos de eleição pode ser admirada no Jane Voorhees Zimmerli Art Museum em Nova Jersey, nos Estados Unidos. As reproduções, essas – como todos os amantes de gatos sabem – estão por aí em todas e mais algumas formas de merchandise.

sábado, 16 de junho de 2007

Gatos de Biblioteca





Existe um local na internet, o Library Cats Map , cujo projecto é catalogar os gatos que vivem em bibliotecas de todo o mundo. Os gatos são catalogados por região, nome, tempo que lá vivem e biblioteca adoptada. Pode parecer surpreendente, mas centenas de gatos escolheram viver entre os livros. Gatos e livros, são de facto uma relação perfeita. Nenhum outro animal sabe respeitar tão bem o silêncio de quem lê ou de quem escreve. Será por isso que tantos escritores e poetas elegeram o gato como seu animal de estimação?
Muitos destes gatos catalogados pelo Library Cats Map têm fotos on-line e até sites. Alguns exemplos são Sonnet, da Biblioteca de uma escola na Califórnia, ou Max, da Biblioteca de Pasadena, ou Hemingway, da Biblioteca Pública de Southern Peaks, no Colorado, ou Bessie, que viveu na Biblioteca do Instituto de Mecânica de São Francisco. Grande parte destes gatos têm nomes de escritores.
Na foto, eis Starsky, que habita na Médiathèque Monnaie Romans sur Isère Novels, em França.

Acerca de Gatos

Contigo chegam os gatos: à frente
o mais antigo, eu tinha
dez anos ou nem isso,
um pequeno tigre que nunca se habituou
às areias do caixote, mas foi quem
primeiro me tomou o coração de assalto.
Veio depois, já em Coimbra, uma gata
que não parava em casa: fornicava
e paria no pinhal, não lhe tive
afeição que durasse, nem ela a merecia,
de tão puta. Só muitos anos
depois entrou em casa, para ser
senhor dela, o pequeno persa
azul. A beleza vira-nos a alma
do avesso e vai-se embora.
Por isso, quem me lambe a ferida
aberta que me deixou a sua morte
é agora uma gatita rafeira e negra
com três ou quatro borradelas de cal
na barriga. É ao sol dos seus olhos
que talvez aqueça as mãos, e partilhe
a leitura do Público ao domingo.

Eugénio de Andrade




Um gato perde a casa num incêndio. Ninguém sabe explicar por que razão os plátanos do jardim resistiram ao fogo, nem porque ficou no ar um cheiro a açúcar queimado. Para o gato, é tempo de procurar uma casa nova, seguindo por caminhos estranhos onde só as pegadas lhe devolvem a certeza de ser quem é. Na Terra do Silêncio Prometido, alguém lhe irá falar da misteriosa Rainha Só e do castelo onde vive escondida. Encontrará aí o fim da viagem?

Esta é a história de um encontro significativo, capaz de mudar o rumo das personagens e levá-las até lugares inesperados. De como as viagens, no sentido de busca e construção interior, nos conduzem à descoberta do Outro - o duplo, o diferente e o distante.

Para crianças a partir dos 8/9 anos, idade em que cresce a curiosidade pelo mundo, e para todas as idades em que esta se prolonga.

"O Gato e a Rainha Só"
de Carla Maia de Almeida
Ilustrações de Júlio Vanzeler
Editorial Caminho, 2005

Fritz, the Cat






Fritz, the Cat
foi a primeira personagem criada pelo famoso autor de banda desenhada Robert Crumb nos anos 60, quando este era ainda criança, para uma banda desenhada que criou com o seu irmão Charles. Fritz era na altura um simples gato chamado Fred, mas, mais tarde, Crumb foi-lhe dando algumas características humanas até que ficou o Fritz da banda desenhada para adultos que hoje conhecemos.
A primeira história apareceu no número 22 da revista Help em 1965. O primeiro álbum completo foi editado em 1969.
Fritz atingiria ainda mais popularidade com a saída do primeiro filme, apenas intitulado “Fritz, the Cat”, realizado por Ralph Baskhi e produzido por Steve Krantz, em 1972, sendo este o primeiro filme de animação com a classificação X para adultos.
Mais tarde sairia outro filme: “The Nine Lives of Fritz the Cat”, em 1974, também produzido por Krantz, mas realizado por Robert Taylor, embora este segundo filme não tenha atingido nem a qualidade, nem o sucesso do primeiro.
Fritz, The Cat foi uma das mais ácidas e divertidas críticas dos míticos anos 60 e transformou o desenhador Robert Crumb num dos mais respeitados, aclamados e polémicos artistas americanos. Devido a Fritz, Crumb passou a ser um herói da juventude rebelde dos anos 60, comparado a Bob Dylan. Depois do sucesso Crumb fez o que tantos artistas pop prometem mas nunca cumprem: virou as costas ao sucesso e matou a sua popular personagem.
Robert Crumb, criador também de clássicos como Mr. Natural e Keep On Truckin, é ainda hoje considerado génio e revolucionário. E Fritz, the Cat, uma banda desenhada de culto.

Para saber mais sobre Fritz, the Cat:
http://www.bouska.com/fritzthecat
http://www.toonopedia.com/fritz.htm
http://www.rcrumb.com
http://lambiek.net/artists/c/crumb.htm






"O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá"

Uma história de amor
Jorge Amado
Ilustrações a cores de Carybé
Publicações Dom Quixote
1ª edição em 2001



"O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá"
é uma história de amor, escrita por Jorge Amado em 1948, em Paris, onde então residia com a mulher e o filho João Jorge.
A história era um presente de aniversário, para o filho que fazia um ano, para que um dia ele a lesse.
Guardado junto dos pertences da criança, o texto perdeu-se, e somente em 1976, João, remexendo em coisas suas de infância, o reencontrou, tomando finalmente conhecimento dele.
Jorge Amado nunca tinha tido intenção de o publicar, mas, tendo sido dado a ler a Carybé por João Jorge, o mestre baiano desenhou sobre as páginas dactilografadas umas belas ilustrações. Daí à publicação da história em livro, foi um passo.
O texto foi editado tal como Jorge Amado o tinha escrito em Paris, trinta anos atrás.
A primeira edição de "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá" saiu em 1978 no Brasil. Está traduzido em finlandês, francês, galego, grego, guarani, inglês, japonês e russo.
E recomenda-se.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Felix, the Cat



Felix, the Cat (em português, Félix, o Gato) surgiu no início do séc. XX e é considerado a primeira figura de culto da animação. A sua popularidade era tal, que chegava a deixar em segundo plano as estrelas de cinema. Criado pelo cartonista norte-americano Otto Mesmmer, este felino a preto e branco só viria a ter concorrência com o nascimento de, imagine-se, um rato chamado Mickey. Para ficarem a conhecer a longa e muito bem sucedida vida de Félix, visitem o respectivo site oficial (em inglês).

Minhau

De onde vim?
Queres saber de mim?
Cheio de ego absurdo,
sou altivo e peludo;
como chamam por mim?
Tareco ou Moisés?
Miiinhão! Que o caminho é dos pés,
e se aterro num quintal
é a comida que é igual
à fome dura que me fez!

Noutro dia chamei "pechincha"
a uma gatinha que reliiiincha,
quando sente em sua sela o manto
do meu trote bravio e manso!

Mas miiiinhaaaaau...
Sou um gatinho fedorento...
sou um gatinho pachorrento!
Paciente com a vida,
inconsciente da saída!
E se noutra vida não for gato não sei...
se não serei de uma selva humana
El-Rei!

Rui Diniz


Este poema é do livro "Corte d'El Rei" de Rui Diniz, uma edição que é acompanhada de um CD (mp3) onde se podem ouvir todos os textos incluídos no livro, lidos por Luís Gaspar, acompanhados ao piano por Justin Bianco.
Mais informações sobre este livro, aqui.

Minhau na voz de Luís Gaspar








"Assinar a Pele" é uma antologia de poesia contemporânea sobre gatos, da Assírio & Alvim, organizada pelo poeta João Luís Barreto Guimarães, com tradução, entre outros, de João Barrento, José Bento, Ana Luísa Amaral e Fernando Pinto do Amaral.
São 57 poemas sobre gatos, escritos por Charles Baudelaire, João de Deus, Lewis Caroll, Friedrich Nietzsche, Paul Verlaine, W. B. Yeats, Rainer Maria Rilke, Guillaume Appolinaire, Umberto Saba, William Carlos Williams, Ezra Pound, Manuel Bandeira, Fernando Pessoa, T. S. Eliot, Jean Cocteau, Irene Lisboa, Jorge Guillén, Paul Eluard, Bertold Brecht, Jorge Luis Borges, Yorgos Seferis, Rafael Alberti, Carlos Drummond de Andrade, Pablo Neruda, W. H. Auden, E. Guillevic, Elizabeth Bishop, Nicanor Parra, Jorge de Sena, György Somlyó, Sophia de Mello Breyner Andresen, Egito Gonçalves, Mário Cesariny, Eugénio de Andrade, Alexandre O'Neill, Ingeborg Bachmann, Thom Gunn, Fernando Echevarría, Hans Jürgen Heise, Ted Hughes, Ruy Belo, António Osório, Luiza Neto Jorge, Vasco Graça Moura, Inês Lourenço, João Miguel Fernandes Jorge, Manuel António Pina, Al Berto, Nuno Júdice, Ana Luísa Amaral e Pedro Paixão.
Esta é uma oportunidades para conhecer alguns poemas pouco divulgados de, por exemplo, Friedrich Nietzsche ou Egito Gonçalves.

Aqui fica um poema de Pessoa, também pouco conhecido, que faz parte desta antologia.

Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.

Fernando Pessoa
(Cancioneiro)


Na voz de Luís Gaspar: