sábado, 29 de setembro de 2007

© Fernando Almeida

Portefólio, aqui.

Misty Malarky Ying Yang

O gato de Jimmy Carter (ao colo da sua filha, Amy Carter)







O gato comilão
Autor: Perica Patacrúa
Ilustrador: Oliveiro Dumas
Editora: Kalandraka
Literatura infanto-juvenil


Este livro conta a história de um gato insaciável que come tudo o que encontra pela frente.
Texto que convida ao jogo oral e põe à prova a memória.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Companheiros improváveis

© The News Herald

Fazer amigos é uma excelente ajuda no tratamento de estados depressivos. Que o diga Tonda, um orangotango fêmea de um zoo da Florida. O símio sentia-se só depois da morte do macho até ao dia em que Stephanie Willard, uma das funcionárias do parque teve uma ideia. Já que devido aos 45 anos do animal introduzir outro orangotango era impossível, que tal um gato? Foi assim que surgiu T.K. (diminutivo de Tonda´s Kitten, em português o Gatinho de Tonda). Willard percebeu que o felino de um ano era perfeito para fazer companhia à orangotango e o resultado está à vista na foto. Segundo a responsável por esta parelha improvável, o símio age como uma mãe super-protectora e T.K. retribui com o carinho de uma cria. “Tonda parece vinte anos mais nova”, declarou Stephanie Willard em entrevista à CBS.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

© Eddy McDonald - Merlin on the couch (2003)
Portefólio, aqui e aqui.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O Gato e o Urso


É certo e sabido que os gatos são territoriais. Mas Jack, um felino doméstico de Nova Jersey quis que não restassem dúvidas.

O animal fez com que um urso pardo, que invadiu a propriedade dos donos, subisse a uma árvore e ali ficasse, pensa-se que amedrontado, durante cerca de quinze minutos.

Jack só desistiu da vigia quando a dona o chamou. O intruso, esse fugiu para a floresta, abandonando as traseiras da casa de West Milford.

O curioso episódio correu a Internet e chegou até à CNN, que lhe dedicou a reportagem que aqui deixamos.




Os Miaus
[Adaptação livre de “Os Maias” de Eça de Queirós]
Texto de Sara Rodrigues
Ilustrações de Cristiana Resina
Edições Asa, 2007
Literatura infantil


Corria o ano de 1875. Os homens usavam cartolas e bengalas, as senhoras corpetes e saias de balão, e os gatos... Bem, os gatos também usavam tudo isto! Pelo menos, na nossa história.
A célebre família dos Maias ganha pêlo, bigodes e garras afiadas, e transforma-se na família dos Miaus, gatos com história e histórias para contar, não muito diferentes das vividas pelos personagens de Eça de Queirós, mas agora contadas às crianças, de forma simples e divertida. Naquela que será uma primeira abordagem aos clássicos portugueses, que mais tarde farão parte do conteúdo programático escolar, o que se espera de “Os Miaus” é que promovam a leitura e ensinem, brincando. E não é esta a melhor forma de aprender?

domingo, 23 de setembro de 2007

© Fernando Almeida

Portefólio, aqui.

Humphrey

O gato da residência oficial do Primeiro Ministro britânico
(Margareth Thatcher, John Major e Tony Blair) entre 1989 e 1997.

© Fernando Gabriel

Portefólio, aqui.


Mulher, casa e gato

Uma pedra na cabeça da mulher; e na cabeça
da casa, uma luz violenta.
Anda um peixe comprido pela cabeça do gato.
A mulher senta-se no tempo e a minha melancolia
pensa-a, enquanto
o gato imagina a elevada casa.
Eternamente a mulher da mão passa a mão
pelo gato abstracto,
e a casa e o homem que eu vou ser
são minuto a minuto mais concretos.
A pedra cai na cabeça do gato e o peixe
gira e pára no sorriso
da mulher da luz. Dentro da casa,
o movimento obscuro destas coisas que não encontram
palavras.
Eu próprio caio na mulher, o gato
adormece na palavra, e a mulher toma
a palavra do gato no regaço.
Eu olho, e a mulher é a palavra.
Palavra abstracta que arrefeceu no gato
e agora aquece na carne
concreta da mulher.
A luz ilumina a pedra que está
na cabeça da casa, e o peixe corre cheio
de originalidade por dentro da palavra.
Se toco a mulher toco o gato, e é apaixonante.
Se toco (e é apaixonante)
a mulher, toco a pedra. Toco o gato e a pedra.
Toco a luz, ou a casa, ou o peixe, ou a palavra.
Toco a palavra apaixonante, se toco a mulher
com seu gato, pedra, peixe, luz e casa.
A mulher da palavra. A Palavra.
Deito-me e amo a mulher. E amo
o amor na mulher. E na palavra, o amor.
Amo com o amor do amor,
não só a palavra, mas
cada coisa que invade cada coisa
que invade a palavra.
E penso que sou total no minuto
em que a mulher eternamente
passa a mão da mulher no gato
dentro da casa.
No mundo tão concreto.

Herberto Hélder

Na voz de Luís Gaspar:

Bambino

Bambino, um dos gatos de Mark Twain
(Foto tirada pela filha, Jean Clemens. 1905)





A Vida Emocional dos Gatos - Uma Viagem ao Coração dos Felinos
Autor: Jeffrey Moussaieff Masson
Editora Sinais de Fogo, 2006
Livro Prático

Neste livro o autor, o psicanalista Jeffrey Moussaieff Masson, mergulha no mundo secreto e divertido dos gatos, revelando emoções, desfazendo mitos e acompanhando a evolução do felino, desde criatura solitária da selva até companheiros do ser humano.

No âmago deste livro extraordinário está a observação pura e muitas vezes divertida que Masson fez dos seus cinco gatos. O comportamento travesso, a altivez e a feição proporcionam uma forma de analisar emoções que vão da satisfação ao ciúme, da raiva ao amor.

Os gatos são egoístas? Enquanto o egocentrismo humano é definido pela falta de interesse de um indivíduo pelos outros, o narcisismo de um gato é completamente diferente. Os gatos podem parecer egocêntricos, mas nunca deixam de nos observar, assimilando tudo sobre nós. Vêem-nos e sabem que existimos, algo muito distante da vaidade.

Os gatos são curiosos, um traço característico que raramente os mata. Pelo contrário, dá-lhea a possibilidade de avaliar, à sua maneira idiossincrática, se somos merecedores da sua atenção. Os gatos sentem-se felizes por serem quem são. O que pensam sobre nós é um assunto completamente diferente. "Precisamos que os gatos precisem de nós", frisa Masson. "Incomoda-nos que não precisem. Mesmo assim, parecem gostar de nós."

sábado, 22 de setembro de 2007

© Eddy McDonald - Spot on the bed (1994)

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Doraemon

Criação do autor de manga Fujiko F. Fujio, Doraemon surgiu pela primeira vez em Dezembro de 1969 em algumas revistas mensais infantis japonesas, tendo direito à sua própria publicação em 1977. No total, são conhecidas mais de mil e trezentas histórias diferentes deste curioso gato robótico azul.

Enviado do futuro pelo tetraneto do pequeno Nobita, o felino é muitas vezes chamado de texugo devido ao seu aspecto arredondado e tem uma particularidade: faltam-lhe as orelhas. Estas foram comidas por um rato, o que o faz temer estes animais e usar um guiso de deles o protege. Munido de um bolso mágico recheado de gadgets, o gato envolve-se nas mais hilariantes situações, ajudando sempre o pouco motivado Nobita, algumas vezes na companhia da irmã Doraemi.

Em 1973, a manga passa a série anime, mas só conhece o sucesso seis anos mais tarde, tendo até à data mais de mil episódios. Vencedora de vários prémios, a animação televisiva passa um pouco por todo o mundo, mas é mesmo no Japão que Doraemon tem a sua maior legião de fãs. Alguns dos exemplos são o seu uso como personagem promocional de um centro de arte e de várias marcas e ainda a criação de um Fundo Doraemon para obras de solidariedade.

Usado também em manga educativa, o gato futurista foi herói de mais de meia centena de jogos de vídeo e de filmes de animação, tendo o último estreado este ano no Japão. A destacar, em jeito de curiosidade, é o facto de a revista Time ter, em 2002, incluído Doraemon na sua lista de heróis asiáticos.

As aventuras deste gato nipónico podem ser vistas no Canal Panda da TV Cabo.


sexta-feira, 21 de setembro de 2007

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

© Simon Franco

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quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Elfi

O gato de Randall Jarrell (1964)

terça-feira, 18 de setembro de 2007






O Gato e o Escuro
Autor: Mia Couto
Ilustrações de Danuta Wojciechowska
Editorial Caminho, 2001
Literatura infantil


O Gato e o Escuro revela-nos uma faceta inédita da obra de Mia Couto, já que a escrita para crianças não tem sido o seu território (esta «incursão» surgiu do pedido de uma revista).
Descobrir este novo território de Mia Couto e explorar este livro, em que a criatividade literária e linguística do texto e as ilustrações vibrantes de Danuta Wojciechowska mutuamente se iluminam, será um prazer para as crianças. E para os adultos também.

© Susan Herbert - Valentino


Gatos Hello Kitty

Os japoneses continuam a surpreender-nos. Adeptos do cosplay, ou seja, de máscaras baseadas em personagens de animação, jogos e afins, decidiram estender o fenómeno aos gatos. E o resultado está à vista na foto acima. Trata-se de um kit Hello Kitty, que inclui uma bolsa, um colarinho e ainda um chapéu. A "gracinha" custa 18.900 ienes, algo como 119 euros, e pode ser conhecida com grande detalhe no site oficial da marca. Avisamos, desde já, que as imagens apresentadas na página são tão ou mais chocantes que esta.

domingo, 16 de setembro de 2007

© Eddy McDonald - Merlin with buddies Silver and Stripe (2007)

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Fruta do Tempo, 1885.
Auto-caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro com o seu gato.

sábado, 15 de setembro de 2007

Good Will, Princessa e Boise

Ernest Hemingway com os filhos Patrick e Gregory,
e os seus gatos Good Will, Princessa e Boise (1946).

© Fernando Gabriel

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Gato

Gato não sofre, existe.

Para o sol, ratos,
militante
das suas unhas.

Crente no seu motor
de ronronar,
em que se embala,
vigilante.


António Osório

Mississipi

O gato de Iosif Brodskii.

Foto de Bengt Jangfeldt (
1987).

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Nicky the Jazz Cat

Nicky poderia ser apenas mais um gato preto. Mas a convivência com estrelas do espectáculo fizeram dele um gato muito especial.

A dona, a fotógrafa Carol Friedman, imortalizou-o ao lado de algumas das maiores celebridades musicais, transformando-o mesmo no embaixador do jazz junto dos mais novos. Isto graças a Nicky the Jazz Cat, um livro infantil que, com uma divertida história e fotos do gato junto de executantes do género, explica o jazz às crianças.

A obra, datada de 2003, é acompanhada de um CD com alguns clássicos infantis interpretados por, entre outros, Neil Armstrong, Ella Fitzgerald, Peggy Lee e Count Basie. Transformado em colecção, Nicky the Jazz Cat teve já direito a outros discos/livros, nomeadamente um de canções de embalar e outro natalício.

Verdadeiro fenómeno junto dos mais pequenos, o gato da fotógrafa nova-iorquina, mais precisamente a sua missão jazzística, encontram-se na net num site bem divertido dedicado às crianças e não só. Uma excelente forma de descobrir ou redescobrir o jazz e os gatos, a ter em conta aqui .

Gatinha portuguesa no Library Cats Map


Recebemos hoje a notícia de que a gatinha (de nome "Gatinha") que se encontra na Biblioteca Municipal de Cascais - Casa da Horta da Quinta de Santa Clara desde meados de 1990, já se encontra na listagem do Library Cats Map.
A Gatinha é assim o primeiro felino português a entrar na listagem deste local na internet, cujo projecto consiste em catalogar os gatos que vivem em bibliotecas de todo o mundo. Os gatos são catalogados por região, nome, tempo que lá vivem e biblioteca adoptada.
Aqui fica o repto para que, quem saiba da existência de outros "gatos de biblioteca" no nosso país, os increvam.
(Ver notícia anteriormente publicada por nós, aqui.)

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

© Fernando Gabriel

Portefólio, aqui.





Apresento-vos Klimt

Bérenice Capatti e Octavia Monaco
Livros Horizonte, 2004
Literatura Infantil, Pintura


Quem era Gustav Klimt? Todos sabem que pintava quadros sumptuosos decorados a ouro, com personagens capazes de exprimirem múltiplos sentimentos. Como ele não gostava de falar sobre a sua obra e da sua vida, deixemos que seja o seu gato a falar por ele...

terça-feira, 11 de setembro de 2007

The Black Cat - Edgar A. Poe


Associados, desde tempos imemoriais, ao sobrenatural e ao fantástico, os gatos (particularmente os pretos) não escaparam à imaginação prodigiosa e macabra do escritor norte-americano Edgar Allan Poe. Ele próprio amante destes animais, acabou por colocá-los no centro de um dos seus famosos contos – The Black Cat (O Gato Preto).

Escrita em finais de 1842, esta short story é publicada a 19 de Agosto do ano seguinte no The Saturday Evening Post. Nela, o escritor conta a história de um homem que, condenado à morte, decide relatar uma série de estranhos factos que envolvem, entre outros, o seu gato preto Pluto (Plutão), que morto às suas mãos, regressa para o assombrar, obrigando-o a cometer um crime. Tal como Poe, também a personagem se diz amante de animais, mas o alcoolismo (outra das parecenças com o autor) acaba por colocar termo à saudável convivência com o felino doméstico.

A figura do gato surge, segundo alguns estudiosos da obra de Poe, não apenas como imagem da superstição (a dada altura, o narrador acredita que o animal é uma bruxa disfarçada) mas também como metáfora para a perseverança, uma das características atribuídas aos felinos.

Clássico do terror/fantástico, o conto inspirou inúmeras peças de teatro e filmes, tendo ainda direito a adaptações televisivas. No que toca à Sétima Arte, podem destacar-se The Black Cat, filme de 1934, com Bela Lugosi e Boris Karloff, realizado por Edgar Ulmer; Tales of Terror (1962) de Roger Corman com Vincent Price; e o mais recente Gatto Nero (1981) de Fucio Fulci. E nem a rádio escapou à influência de Poe. Um dos casos foi Mystery in the Air, programa da NBC que, em Setembro de 1947, transmitiu a leitura integral do conto por Basil Rathbone – uma raridade que pode ser escutada no leitor abaixo.



Tales of Terror - The Black Cat (1962)
© Eddy McDonald - Tristan (2007)
Portefólio, aqui e aqui.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Momento... Zen!

© Mihoko Okamura - A Zen Life (D.T. Suzuki)


domingo, 9 de setembro de 2007

Sonho, o Gato Sorridente







Chama-se Yume Neko Smile (em português, algo como Sonho, o Gato Sorridente) e é uma das mais recentes criações da SegaToys no que toca a réplicas robóticas de animais de estimação. Por 8 mil e 300 ienes (cerca de 54 euros), os sempre excêntricos japoneses podem levar para casa um gato-autómato, que reage ao toque, abana a cauda, mia e ronrona, tendo a "vantagem" de não arranhar os móveis.


© Fernando Gabriel

Portefólio, aqui.


Os vossos poemas

No passado dia 27 de Junho fiz-vos um desafio no blogue "porosidade etérea" para que me enviassem os vossos poemas sobre gatos, prometendo-vos que seriam todos publicados hoje, 9 de Setembro, e que um deles seria escolhido para ser gravado em áudio pelo locutor Luís Gaspar.
O poema gravado em áudio será incluído num programa do audioblogue Estúdio Raposa de Luís Gaspar. Todos estes poemas estão publicados também no blogue de poesia “porosidade etérea”.
Aqui ficam então todos os poemas recebidos, para vossa apreciação, com o meu agradecimento pela colaboração e com a promessa de voltar a organizar brevemente outro “espaço aberto”:


Eu sou um Gato

Eu sou um Gato, um Senhor Gato,
Dono de minha felina vaidade,
E do meu território emprestado,
Que é a casa onde eu moro,
Com a minha querida dona,
Sempre em boa companhia.
Passo assim a apresentar-me,
Devo fazê-lo primeiro,
Para não parecer indelicado.
Mas, antes quero avisar,
Que não desperto a desgraça,
Que é um sentimento muito feio.
Matando a vossa curiosidade,
Sem intenção de alguma ironia,
Sou negro, da cor da noite,
Não faço mal a ninguém,
Pois, essa coisa de mal olhado,
É no meu entender de gato,
Um pretexto, que utiliza,
Gente, muito pouco sadia.
Tenho bigodes muito longos,
Que apenas são meu património,
Não empresto a nenhum título,
A um humano ou companheiro,
Mesmo que por caridade,
Pois ficava sem qualquer jeito.
Quanto a divinas e divas gatas,
Só em tempos que lá vão,
Pois agora já tenho idade,
E não consigo ser Don Juan.
Os olhos, esses, são verdes,
Têm a cor da uva branca,
Quando está amadurecida.
E agora que me apresentei,
Lembrem-se com carinho,
Dos gatos que como eu,
Existem no vosso Mundo,
Pois apesar de sermos gatos,
Saibam que também somos donos,
De alguma sabedoria.
Eu sou o Gato de nome Milu,
Ela é a minha Dona Bea.

Só nos resta enviar-vos,
Um grande abraço,
Daqueles que vos desejam,
Boa sorte para a vida!

Beatriz Barroso


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Sou gato.
Que terror!
Faça lá o favor,
De não ser fatalista!
Sou gato.
Gato preto, bem preto.
E vivo como um senhor,
Neste mundo,
Que a todos, nos desafia...

Sou gato.
Gosto muito de minha cor,
Quando de toda a ninhada,
Minha mãe a viu pintada,
No terceiro gato que dela nascia,
Deu-me com todo o amor,
Uma inesquecível lambidela,
Que na minha memória de gato,
Me ficou ela gravada,
Para o resto de minha vida!

Sou Gato Preto.
Assumido.
Que presunção,
É a minha!
Mas se vos intimida a cor.
Olhem-me para os olhos,
Que vos espreitam agora,
De forma tão tranquila.
São vivos,
Atentos,
Em permanente expectativa.
A cor?
O Verde da esperança,
Já viram?
Tenho a certeza que vos inspira,
Muito mais autoconfiança.

E neste instante de partilha,
Faço eu meu auto-retrato,
Que por princípio, eu não queria.
Sou gato.
Mas que mistério...
Tanto silêncio me vem desse lado,
Fale-me agora de si,
Pois eu sou como todo o gato,
Que se preza de o ser,
Muito curioso.
Venha daí agora com muita auto- estima,
Aquilo que de si também me fala,
Sua bela fisionomia!

Beatriz Barroso


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De uma ninhada
Me vi nascida.
Numa mãe gata,
Me vi transformada.
Sou agora gata idosa,
Mas muito bem conservada.
Sou gata e tenho uma dona,
Sou sua leal companheira.
Não ando pelos telhados,
Não sou gata vira-latas,
Levo uma vida prazenteira.

Sou gata que vive em casa,
Assaz bonita e arejada.
Quando quero, ainda corro,
Numa alegre brincadeira,
Com os miúdos cá da casa.
Sou gata, muito estimada,
Ainda vaidosa,
De meus felinos atributos.
E cá do meu íntimo, vos confesso
Ainda me mantenho romântica.
Gosto de ver a Lua a crescer,
Quando a noite chega sorrateira,
E eu sonho,
Sonho ser uma gata nova,
Para poder namorar...
Mas não gosto de todos os gatos,
Principalmente dos adúlteros.
Que saudade eu trago do tempo,
Em que um rom-rom eu ouvia,
Do gato por quem me perdi,
Que amiúde me fazia,
Ir de visita à janela.
Dar-lhe uma espreitadela.
Acenava-lhe eu com a cauda,
Enquanto ele da rua,
Seus enormes bigodes estendia,
Com que prometendo tudo,
Só para me ver nua.

Mas como tenho sete vidas
Dizem os mais entendidos,
Espero ainda poder viver
Muitas horas felizes,
Antes de minha partida...

Beatriz Barroso


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Ron-Rons

No regresso a casa, mais ou menos tardio,
De um dia mais ou menos sombrio,
Sou recebida sempre com muito calor,
Com muito miminho...
Por quem não se cansa de dar,
Nem sequer de esperar
Por mim.
Enterneço-me na sua companhia,
Animo-me na sua alegria,
Aconchego-me no seu carinho
E digo baixinho — obrigada por estarem sempre aqui!

Carla Mondim


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Gatos

Que graça quando se movem,
Que olhar tão puro.
Quão dócil o seu chamego,
Quando me acarinham
Mostrando-me o seu apego.
Sempre presentes,
Sempre fieis,
Sempre verdadeiros.
São os primeiros
A sentir o que me vai na alma,
E a transmitir-me a calma,
Que me amacia,
Que me adoça.
O que de mim seria,
Sem o seu miminho,
Tão quentinho,
Quando preciso de calor,
Para me afagar o coração
Suplicante, e
ávido de amor.
Que alegria,
Quando regresso a casa.
O espaço enche-se de luz,
De vida, de cor.
Sim, são os meus gatos,
Que me aliviam da dor,
Que me preenchem a alma,
Dos dias vazios,
Das noites frias,
E das vigílias, sem fim.
Ai, mas um olhar vosso,
Tão doce e sincero,
É tudo o que quero,
Para voltar a mim.

Carla Mondim


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Não há maior doçura na maldade
Que a auto-sustentada verdade
Cartesiana
Deste réptil de pêlo laranja,
Unhas retrácteis, gestos fáceis e nervos como luz.
Não há maior doçura noutros dedos,
Se forem dedos como estes:
Como facas. Como fuzis.
Com ausência de ardis
Na sua plena sinceridade de emboscada.
Desliza com augúrios de avidez
E traz no olhar, espelhada em prata,
A própria doçura da escuridão.
Desliza com a doçura da maldade
Da sua negra iniciativa
Própria de certas aparições
Que imprimem em carne viva
A marca ocre de quem brinca à morte,
Com a mais escura das seduções.

Manuel Anastácio


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E finalmente, o poema que foi escolhido para ser gravado em áudio:


Templo de Luxor

Sei agora que o gato tem espírito,
um dom poético, uma expressão
reveladora, perante o fogo
é um brilho, sobre a água
uma forma de ser que subtilmente
usa os sentidos alerta para falar
o idioma principal, esse mistério
de prevalecer na crença
da invocação egípcia, uma presença
divina entre o silêncio, a vertigem
e a intensidade que emerge do espaço
e avassala as colunas, a impressiva
modulação dos arcos, os blocos
inclinados para dentro
para que a rapidez inclua nos testículos
uma parte devoradora e outra felina,
uma parte excessiva e outra ágil
nas sete mortes
que antecedem o admirável suicídio.

Amadeu Baptista

Na voz de Luís Gaspar:




O meu agradecimento “especial” ao poeta Amadeu Baptista que teve a amabilidade de participar neste desafio.
E o meu "obrigada, pá!" ao locutor Luís Gaspar, que mais uma vez não se escusou a aderir às minhas iniciativas e brindar-nos com a sua voz inconfundível.

Até breve,
Inês Ramos

sábado, 8 de setembro de 2007

A um gato

Os espelhos não são mais silenciosos,
nem mais furtiva a alva aventureira;
sob a lua, tu és essa pantera
que de longe avistamos, cautelosos.
Por obra indecifrável de um decreto
divinal, procuramos-te vãmente;
mais remoto que o Ganges e o poente,
são teus a solidão e o mais secreto.
Teu lombo condescende com a amorosa
carícia desta mão, já admitido
tens desde a eternidade que é olvido
todo o amor da mão tão receosa.
Em outro tempo estás. És tu o dono
de um âmbito fechado como um sonho.

Jorge Luis Borges
(tradução de José Bento)
© Louis Wain - A Good Read


© Fernando Gabriel

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quinta-feira, 6 de setembro de 2007


© Michel Jacinto - Ducky


© Leonardo Da Vinci - Estudo de movimentos e posições de gatos

© Edward McLachlan - D is for Doris, always right for a knee

quarta-feira, 5 de setembro de 2007













Varjak

Autor: SF Said
Ilustrações de Dave McKean
Edições Gailivro, 2007
Literatura infantil



Varjak é um gato azul da Mesopotâmia. Sempre viveu, com a sua família, no interior de uma casa isolada no cimo de uma colina. No entanto, a partir do momento em que o seu lar é tomado por um cavalheiro e dois ameaçadores gatos, Varjak é forçado a procurar ajuda na cidade. Graças ao seu antepassado Jalal, Varjak vence desafios e descobre terríveis segredos sobre os Desaparecidos. Mas será que ele consegue salvar a família?
© Eddy McDonald - Merlin (2005)
Portefólio, aqui e aqui.

sábado, 1 de setembro de 2007

© João Abel Manta

© Eddy McDonald - Tristan & Lancelot (2006)
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