Quem há-de abrir a porta ao gato
quando eu morrer?
Sempre que pode
foge prá rua,
cheira o passeio
e volta para trás,
mas ao defrontar-se com a porta fechada
(pobre do gato!)
mia com raiva
desesperada.
Deixo-o sofrer
que o sofrimento tem sua paga,
e ele bem sabe.
Quando abro a porta corre para mim
como acorre a mulher aos braços do amante.
Pego-lhe ao colo e acaricio-o
num gesto lento,
vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele olha-me e sorri, com os bigodes eróticos,
olhos semi-cerrados, em êxtase,
ronronando.
Repito a festa,
vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele aperta as maxilas,
cerra os olhos,
abre as narinas,
e rosna,
rosna, deliquescente,
abraça-me
e adormece.
Eu não tenho gato, mas se o tivesse
quem lhe abriria a porta quando eu morresse?
António Gedeão
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
"Aventuras do Gato Jeff" 1976



Banda Desenhada publicada na revista Fungagá da Bicharada n.º 8 (1976)
"Aventuras do Gato Jeff"
Ricardo Neto (desenhos)
Cristina de Mello (texto)
Imagens encontradas no Ilustração Portuguesa
"Aventuras do Gato Jeff"
Ricardo Neto (desenhos)
Cristina de Mello (texto)
Imagens encontradas no Ilustração Portuguesa
(blogue que o Queridos Gatos recomenda!)
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Veneza aos gatos
Lisboa às moscas e Veneza aos gatos...
(os pombos da bondade só conspurcam
a praça de S. Marcos)
...ao gato perna alta que não vem quando o chamas,
ao contrário da patrícia mosca
que não era para aqui chamada,
mas logo te soprou os últimos zunzuns
mal chegaste a Lisboa
O gato de Veneza não te dá pretextos
para miares o que te vai na alma,
nem os sacros temores da miaulesca
esfinge rilkeana.
Não é um gato é um perfil de gato
Tapando a saída da calleta.
O gato veneziano é um gato sem regaços
e sem selvajaria.
De Veneza o gato é sempre muitos gatos
que vão à sua vida...
...como tu, afinal, não vais à tua.
(De Veneza a Lisboa, num zunido,
já trazias a mosca no ouvido...)
Alexandre O’ Neill
(os pombos da bondade só conspurcam
a praça de S. Marcos)
...ao gato perna alta que não vem quando o chamas,
ao contrário da patrícia mosca
que não era para aqui chamada,
mas logo te soprou os últimos zunzuns
mal chegaste a Lisboa
O gato de Veneza não te dá pretextos
para miares o que te vai na alma,
nem os sacros temores da miaulesca
esfinge rilkeana.
Não é um gato é um perfil de gato
Tapando a saída da calleta.
O gato veneziano é um gato sem regaços
e sem selvajaria.
De Veneza o gato é sempre muitos gatos
que vão à sua vida...
...como tu, afinal, não vais à tua.
(De Veneza a Lisboa, num zunido,
já trazias a mosca no ouvido...)
Alexandre O’ Neill
terça-feira, 28 de outubro de 2008
O herói Leo
Um cão arriscou a vida, no passado domingo, para proteger quatro gatinhos presos num incêndio em Melbourne, na Austrália.
Os bombeiros encontraram o Leo num dos quartos junto da caixa de papelão onde estavam os gatinhos que não queria abandonar.
Quando o incêndio eclodiu no interior da casa, a família e um outro cão conseguiram fugir para o exterior, mas Leo não o fez, mantendo-se sempre junto dos gatinhos, acabando por sucumbir ao fumo e ao calor, pagando assim o preço pela sua bravura.
Os bombeiros conseguiram reanimá-lo com uma massagem cardíaca e oxigénio.
domingo, 26 de outubro de 2008
sábado, 25 de outubro de 2008
Dewey

Dewey
Autora: Vicki Myron
Editora: Caderno, 2008
Que influência pode um animal ter? E quantas vidas pode um animal tocar?
Conheça a maravilhosa história do gato que comoveu o mundo!
Como é possível que um gato abandonado transforme uma pequena biblioteca, salve uma típica cidade americana e se torne famoso em todo o mundo?
A história de Dewey começa da pior forma possível. Com apenas algumas semanas, na noite mais fria do ano, foi enfiado na caixa de devolução de livros da Biblioteca pública de Spencer. Encontrado na manhã seguinte, Dewey conquistou o coração de todos os funcionários da biblioteca, ao distribuir por todos gestos de agradecimento e amor.
Nos anos que se seguiram, nunca deixou de encantar as pessoas de Spencer com o seu entusiasmo, vivacidade e, acima de tudo, o seu sexto sentido: percebia sempre quem necessitava mais dele.
À medida que a sua fama crescia de cidade em cidade, de estado em estado e, surpreendentemente, por todo o mundo, Dewey tornou-se, mais que um amigo, um motivo de orgulho de uma extraordinária cidade rural no coração da América, que lentamente se ergueu da maior crise da sua história.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Hep Cat Symphony
Hep Cat Symphony (1949)
Um grupo de ratos que vive no interior das muralhas de um castelo faz uma orquestra. No entanto, a música perturba o gato que também lá mora. Então, o gato decide eliminar os ratos...
Realização: Seymour Kneitel
Produção: Famous Studios
Animação: Dave Tendlar e Marty Taras
Música: Winston Sharples
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Os dois gatos
Dois bichanos se encontraram
Sobre uma trapeira um dia:
(Creio que não foi no tempo
Da amorosa gritaria).
De um deles todo o conchego
Era dormir no borralho;
O outro em leito de senhora
Tinha mimoso agasalho.
Ao primeiro o dono humilde
Espinhas apenas dava;
Com esquisitos manjares
O segundo se engordava.
Miou, e lambeu-o aquele
Por o ver da sua casta;
Eis que o brutinho orgulhoso
De si com desdém o afasta.
Aguda unha vibrando
Lhe diz: ''Gato vil e pobre,
Tens semelhante ousadia
Comigo, opulento, e nobre?
Cuidas que sou como tu?
Asneirão, quanto te enganas!
Entendes que me sustento
De espinhas, ou barbatanas?
Logro tudo o que desejo,
Dão-me de comer na mão;
Tu lazeras, e dormimos
Eu na cama, e tu no chão.
Poderás dizer-me a isto
Que nunca te conheci;
Mas para ver que não minto
Basta-me olhar para ti.''
''Ui!" (responde-lhe o gatorro,
Mostrando um ar de estranheza)
"És mais que eu? Que distinção
Pôs em nós a Natureza?
Tens mais valor? Eis aqui
A ocasião de o provar.''
''Nada" (acode o cavalheiro)
"Eu não costumo brigar.''
''Então" (torna-lhe enfadado
O nosso vilão ruim)
"Se tu não és mais valente,
Em que és sup'rior a mim?
Tu não mias?'' - ''Mio.'' - ''E sentes
Gosto em pilhar algum rato?''
''Sim.'' - "E o comes?'' - ''Oh! Se como!...''
''Logo não passas de um gato.
Abate, pois, esse orgulho,
Intratável criatura:
Não tens mais nobreza que eu;
O que tens é mais ventura.''
Bocage
Sobre uma trapeira um dia:
(Creio que não foi no tempo
Da amorosa gritaria).
De um deles todo o conchego
Era dormir no borralho;
O outro em leito de senhora
Tinha mimoso agasalho.
Ao primeiro o dono humilde
Espinhas apenas dava;
Com esquisitos manjares
O segundo se engordava.
Miou, e lambeu-o aquele
Por o ver da sua casta;
Eis que o brutinho orgulhoso
De si com desdém o afasta.
Aguda unha vibrando
Lhe diz: ''Gato vil e pobre,
Tens semelhante ousadia
Comigo, opulento, e nobre?
Cuidas que sou como tu?
Asneirão, quanto te enganas!
Entendes que me sustento
De espinhas, ou barbatanas?
Logro tudo o que desejo,
Dão-me de comer na mão;
Tu lazeras, e dormimos
Eu na cama, e tu no chão.
Poderás dizer-me a isto
Que nunca te conheci;
Mas para ver que não minto
Basta-me olhar para ti.''
''Ui!" (responde-lhe o gatorro,
Mostrando um ar de estranheza)
"És mais que eu? Que distinção
Pôs em nós a Natureza?
Tens mais valor? Eis aqui
A ocasião de o provar.''
''Nada" (acode o cavalheiro)
"Eu não costumo brigar.''
''Então" (torna-lhe enfadado
O nosso vilão ruim)
"Se tu não és mais valente,
Em que és sup'rior a mim?
Tu não mias?'' - ''Mio.'' - ''E sentes
Gosto em pilhar algum rato?''
''Sim.'' - "E o comes?'' - ''Oh! Se como!...''
''Logo não passas de um gato.
Abate, pois, esse orgulho,
Intratável criatura:
Não tens mais nobreza que eu;
O que tens é mais ventura.''
Bocage
Exposição Felina Mundial

No Pavilhão Atlântico
(Parque das Nações),
este fim-de-semana:
Eleição dos Campeões Mundiais 2008
Mais de 800 gatos de 30 raças diferentes em exposição, oriundos de mais de 20 países.
Animação cultural durante o evento.
Duração do espectáculo: 120 minutos
Sessões:
25-10-2008 10:00 [Sala Tejo]
26-10-2008 10:00 [Sala Tejo]
terça-feira, 21 de outubro de 2008
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
O Segundo Gato
Em cada gato há outro gato
um pouco menos exacto
e um pouco menos opaco.
Um gato incoincidente
com o gato, iridiscente,
caminhando à sua frente
ou a seu lado
espírito alado
do que é terrestre no gato.
É o segundo gato
que permanece acordado
com o gato afundado
em sono abstracto,
aos seus pés enrolado,
espécie de gato do gato
Ou que, mais tardo,
deambula pela sala
enquanto o gato se lava,
às vezes assomando
nos olhos do gato
como um passado imóvel e
enclausurado.
O próprio gato
não sabe
que anda por ali
algo que não cabe
dentro nem fora de si.
Manuel António Pina
um pouco menos exacto
e um pouco menos opaco.
Um gato incoincidente
com o gato, iridiscente,
caminhando à sua frente
ou a seu lado
espírito alado
do que é terrestre no gato.
É o segundo gato
que permanece acordado
com o gato afundado
em sono abstracto,
aos seus pés enrolado,
espécie de gato do gato
Ou que, mais tardo,
deambula pela sala
enquanto o gato se lava,
às vezes assomando
nos olhos do gato
como um passado imóvel e
enclausurado.
O próprio gato
não sabe
que anda por ali
algo que não cabe
dentro nem fora de si.
Manuel António Pina
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Revista de poesia “Criatura”

A apresentação do n.º 2 da revista “Criatura” terá lugar na Casa Fernando Pessoa no próximo dia 23 de Outubro, pelas 21h30, e será feita por Fernando Pinto do Amaral.
A sessão contará com a presença de alguns dos autores que colaboraram nesta edição.
A revista “Criatura” é da responsabilidade do Núcleo Autónomo Calíope da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Teoria da composição:
...a pequena gata (1)
A pequena gata fitava cada um dos meus gestos
com os olhos muito atentos tentando entender,
absolutamente parada, a cabeça tensa,
as orelhas espetadas como se pudesse ouvir
cada palavra que eu escrevia
no papel; que coisa veria
ela, que sentido a prenderia?
Os gatos mais velhos e os homens mais novos
não se interessam por coisas tão fúteis.
...a pequena gata (2)
A pequena gata fitava cada um dos meus gestos
com atentos olhos tentando entender
absolutamente parada, a cabeça tensa,
as orelhas espetadas como se pudesse ouvir
as palavras que eu escrevia
observando o modo como ela seguia
cada um dos meus gestos.
Os gatos mais velhos não se interessam
por coisas tão fúteis, olham através delas,
os olhos dissolvendo-se em lugares lúcidos
e exteriores onde nem os gatos alcançam.
...a pequena gata (3)
Olhos atentos tentando entender,
absolutamente parada, a cabeça tensa,
as orelhas espetadas como se pudesse ouvir
as palavras que eu ia escrevendo,
a pequena gata seguia cada um dos meus gestos
como se fossem incertos insectos
correndo inquietos sobre o papel.
Os gatos velhos e os homens jovens
não se interessam por coisas fúteis como
palavras escrevendo e gatos atentos,
têm pouco tempo, sobretudo por dentro.
Manuel António Pina
A pequena gata fitava cada um dos meus gestos
com os olhos muito atentos tentando entender,
absolutamente parada, a cabeça tensa,
as orelhas espetadas como se pudesse ouvir
cada palavra que eu escrevia
no papel; que coisa veria
ela, que sentido a prenderia?
Os gatos mais velhos e os homens mais novos
não se interessam por coisas tão fúteis.
...a pequena gata (2)
A pequena gata fitava cada um dos meus gestos
com atentos olhos tentando entender
absolutamente parada, a cabeça tensa,
as orelhas espetadas como se pudesse ouvir
as palavras que eu escrevia
observando o modo como ela seguia
cada um dos meus gestos.
Os gatos mais velhos não se interessam
por coisas tão fúteis, olham através delas,
os olhos dissolvendo-se em lugares lúcidos
e exteriores onde nem os gatos alcançam.
...a pequena gata (3)
Olhos atentos tentando entender,
absolutamente parada, a cabeça tensa,
as orelhas espetadas como se pudesse ouvir
as palavras que eu ia escrevendo,
a pequena gata seguia cada um dos meus gestos
como se fossem incertos insectos
correndo inquietos sobre o papel.
Os gatos velhos e os homens jovens
não se interessam por coisas fúteis como
palavras escrevendo e gatos atentos,
têm pouco tempo, sobretudo por dentro.
Manuel António Pina
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
“Criatura” 2

segunda-feira, 6 de outubro de 2008
domingo, 5 de outubro de 2008
O Menino Triste

sábado, 4 de outubro de 2008
sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A Liga Portuguesa dos Direitos do Animal assinala, mais uma vez, o Dia Mundial do Animal com um evento de fim-de-semana. Desta feita, o encontro será no Jardim Vieira Portuense, em Belém.
Do programa fazem parte exposições de arte, visionamento de vídeos, campanhas de adopção de animais de companhia e muitas outras iniciativas a cargo de várias associações. Para informação mais detalhada sobre estes dois dias é favor consultar o site da Liga.
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Pantufa Negra

Pantufa Negra – coisas que até uma gata preta percebe
Uma tira da autoria de Luís Faustino para ver diariamente no Expresso, online, aqui.
Uma tira da autoria de Luís Faustino para ver diariamente no Expresso, online, aqui.
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