domingo, 8 de março de 2009

Lágrimas soltas correram-lhe pela face. (Que eu sorvi numa ânsia de frescura).
Gianni Schicchi tinha chegado ao fim.
O Querido Gato apareceu — deveria vir dos lavabos — e de novo soltou para as pernas de Simone. Desta vez dei-lhe uma palmada pela inoportuna atitude. O gato miou e afastou-se.
Com a velha vela vermelha de chama já pálida, abraçámo-nos num conforto supremo e ouvimos respirações ofegantes que decerto eram nossas. Depois, num beijo suave e terno, que ambos procurámos na descoberta de sentimentos adormecidos, fugimos para outro espaço celestial, carregadinho de estrelas de brilho diamantino.
Na semi-obscuridade da sala sentimos ambos que vivíamos um momento que perduraria para sempre. As nossas mãos, de gestos lentos e meigos, procuravam-nos numa descoberta de iniciação.
lp

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