sábado, 14 de fevereiro de 2009

1 comentário:

Anónimo disse...

Quando abri a luz da cozinha o meu Querido Gato dormia na sua gateira. Acordou nesse preciso instante; olhou-me como quem me interroga sobre a hora tardia, mas depressa retomou a sonolência, depois de se ter espreguiçado longamente. Pareceu-me felicíssimo.
O puto do rés-do-chão, para variar, não tinha feito malandrices.
Pé-ante-pé encaminhei-me para o meu quarto, abri a cama, deitei-me, peguei num livro que estuda a pintura retratista de Vermeer e vi o meu gato aparecer sorrateiro. Saltou para o cobertor e adormeceu, sem uma convencional despedida de boa-noite.
O bicho está a atravessar uma fase de supremacia. Não posso autorizar que ele ponha o pé em ramo verde.
O jantar com Simone deveria ter tido efeito onírico, transmitido por ondas invisíveis, mas com asas de anjo assexuado...
… E assim, nestes pensamentos, apaguei a luz, vi o guarda-nocturno a descer a Calçada, a matrona católica a guardar o crucifixo debaixo do travesseiro, o puto do rés-do-chão a ver filmes eróticos num canal televisivo, e adormeci ao lado da paz dum dever cumprido.
lp