quinta-feira, 19 de março de 2009

D. Leopoldina pediu ao neto (que estranhamente estava em casa da avó a uma quinta- feira).
— Vai buscar água Nélinho. E traz também um pano molhado.
A língua viperina da matrona voltou emanada de grande força.
— Minha querida gatinha! Oito anos, oito anos sem saber o que era um gato. E agora? O que faço com a ninhada? Eu mato o gato, ai! mato, mato! Eu mato o gato! Malandro. Estafermo. Aperto-lhe as goelas…a Senhora ao Pé da Cruz me perdoe...
— Deixe D. Leonilde, não se preocupe — disse D. Leopoldina querendo deitar água na fervura.
— Eu chamo a polícia! vou chamar, vou chamar a polícia! — dizia a matrona aos soluços — já me falta o ar. Ai! de mim, ai! da minha virgem gatinha…
D. Leopoldina para o puto, em forte grito: — Então Nélinho, essa água?
Voltei a olhar para Simone. Estava branca pelo dramalhão.
Dei-lhe um beijo na face pálida e viemos para a rua.
Os gritos da matrona tinham acordado a Calçada dos Mestres.
lp

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