
sábado, 29 de novembro de 2008
MagnifiCAT
Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida,
Quem tens lá no fundo?
É Esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma: será dia!
Álvaro de Campos
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida,
Quem tens lá no fundo?
É Esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma: será dia!
Álvaro de Campos
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Fungagá da Bicharada n.º 8 (1976)

"Muito Prazer em Conhecerem-me"
da autoria de José Garcês (1976)
Imagem encontrada no Ilustração Portuguesa
da autoria de José Garcês (1976)
Imagem encontrada no Ilustração Portuguesa
(blogue que o Queridos Gatos recomenda!)
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Uma prosa sobre os meus gatos

Perguntaram-me um dia destes
ao telefone
por que não escrevia
poesia (ao menos um poema)
sobre os meus gatos;
mas quem se interessaria
pelos meus gatos,
cuja única evidência
é serem meus (digamos assim)
e serem gatos
(coisa vasta, mas que acontece
a todos os da sua espécie)?
Este poderia
(talvez) ser um tema
(talvez até um tema nobre),
mas um tema não chega para um poema
nem sequer para um poema sobre;
porque é o poema o tema,
forma apenas.
Depois, os meus gatos
escapam de mais à poesia,
ou de menos, o que vai dar ao mesmo,
são muito longe
ou muito perto,
e o poema precisa do tempo certo
de onde possa, como o gato, dar o salto;
o poema que fizesse
faria deles gatos abstractos,
literários, gatos-palavras,
desprezível comércio de que não me orgulharia
(embora a eles tanto lhes desse).
Por fim, não existem «os meus gatos»,
existem uns tantos gatos-gatos,
um gato, outro gato, outro gato,
que por um expediente singular
(que, aliás, também absolutamente lhes desinteressa)
me é dado nomear e adjectivar,
isto é, ocultar,
tendo assim uns gatos em minha casa
e outros na minha cabeça.
Ora só os da cabeça alcançaria
(se alcançasse) o duvidoso processo da poesia.
Fiquei-me por isso por uma prosa,
e mesmo assim excessivamente corrida e judiciosa.
Manuel António Pina
terça-feira, 18 de novembro de 2008
domingo, 16 de novembro de 2008

Gatinho Mágico: Travessura ao Luar
Autora: Sue Bentley
Civilização Editora
Eve está triste por ter de ficar longe de casa e das suas colegas durante alguns dias. Mas tudo muda quando Flame, um gatinho de pêlo cor de caramelo, aparece no gatil…
Eis mais um livro da Colecção Gatinho Mágico, com a chancela da Civilização Editora.
Dedicadas aos mais pequenos, estas obras contam a história de Flame, o príncipe herdeiro do trono do Leão, que ainda não tem força suficiente para enfrentar o seu malvado tio que lhe matou os pais e tenta reclamar o trono para si próprio. Flame é obrigado a esconder-se no mundo dos humanos disfarçado de gatinho mas não pode ficar muito tempo em nenhum lugar com medo que o tio o encontre. Por isso viaja de família em família, disfarçado de gatinho com pelagens diferentes e usa a sua magia muitas vezes caótica para ajudar os que dela precisam.
Para mais informações e brincadeiras em torno desta colecção, é favor clicar aqui.
sábado, 15 de novembro de 2008
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
sábado, 8 de novembro de 2008
O gato
O gato é secreto.
Tece com calma o mistério do mundo.
O gato é elétrico.
Pura energia a percorrer a espinha.
O gato é orgulho.
Sem humildade, jamais se entrega.
O gato é desejo.
Atração pela lua e telhados.
O gato é sagrado.
Olho no olho que brilha.
Um susto.
Parece que vemos Deus.
Donizete Galvão
Tece com calma o mistério do mundo.
O gato é elétrico.
Pura energia a percorrer a espinha.
O gato é orgulho.
Sem humildade, jamais se entrega.
O gato é desejo.
Atração pela lua e telhados.
O gato é sagrado.
Olho no olho que brilha.
Um susto.
Parece que vemos Deus.
Donizete Galvão
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Pantufa Negra

Pantufa Negra – coisas que até uma gata preta percebe
Uma tira da autoria de Luís Faustino para ver diariamente no Expresso, online, aqui.
Uma tira da autoria de Luís Faustino para ver diariamente no Expresso, online, aqui.
domingo, 2 de novembro de 2008
Maria Gabriela Llansol e os gatos

“No exílio da Bélgica, em Jodoigne e Herbais, Maria Gabriela Llansol tinha muitos gatos.
Em Sintra, nos últimos anos, era só Melissa, a gata de pêlo macio e farto, branco-e-amarelo, olhar doce, que a Maria Gabriela sempre viu e tratou como ser inteligente e superior.”
J. B.
59
Os olhos que se lhe abrem de manhã saem
Rapidamente para o telhado e para os sons
Que, imagino, escuta pela abertura das pupilas.
Os extremos da rua, onde nunca foi, dizem-lhe,
Todavia, que alguém passa para ela, Melissa,
Não para mim, para ela, com o som cadenciado
Dos sinos actuais, já modernos. E tropeço.
Moderno é um termo que me intriga, que briga
Comigo, que não se torna compreensível,
Nem no limiar dos sinos. Tomo-o por uma
Abstracção indecisa, um prazo que trai um
Evento futuro sem, contudo, o espelhar. Em suma,
Pouco se distingue das extremidades da rua
Onde nunca foi. É uma palavra irresponsável,
Sem resposta para o antes, o decurso e o depois.
E, quando assim concluo, Melissa é moderna,
Actualiza, obriga-me a descer à rua inquirir
De visu o que, desde então, se alterou.
Maria Gabriela Llansol
In O Começo de Um Livro é Precioso (Assírio & Alvim, 2003)
(ler mais aqui)
Em Sintra, nos últimos anos, era só Melissa, a gata de pêlo macio e farto, branco-e-amarelo, olhar doce, que a Maria Gabriela sempre viu e tratou como ser inteligente e superior.”
J. B.
59
Os olhos que se lhe abrem de manhã saem
Rapidamente para o telhado e para os sons
Que, imagino, escuta pela abertura das pupilas.
Os extremos da rua, onde nunca foi, dizem-lhe,
Todavia, que alguém passa para ela, Melissa,
Não para mim, para ela, com o som cadenciado
Dos sinos actuais, já modernos. E tropeço.
Moderno é um termo que me intriga, que briga
Comigo, que não se torna compreensível,
Nem no limiar dos sinos. Tomo-o por uma
Abstracção indecisa, um prazo que trai um
Evento futuro sem, contudo, o espelhar. Em suma,
Pouco se distingue das extremidades da rua
Onde nunca foi. É uma palavra irresponsável,
Sem resposta para o antes, o decurso e o depois.
E, quando assim concluo, Melissa é moderna,
Actualiza, obriga-me a descer à rua inquirir
De visu o que, desde então, se alterou.
Maria Gabriela Llansol
In O Começo de Um Livro é Precioso (Assírio & Alvim, 2003)
(ler mais aqui)
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